E-Book, Portuguese, 72 Seiten
Vild Cinco histórias de romance erótico
1. Auflage 2023
ISBN: 978-87-28-56203-1
Verlag: LUST
Format: EPUB
Kopierschutz: 6 - ePub Watermark
E-Book, Portuguese, 72 Seiten
ISBN: 978-87-28-56203-1
Verlag: LUST
Format: EPUB
Kopierschutz: 6 - ePub Watermark
Lisa Vild é o pseudônimo de uma escritora sueca de contos eróticos, que explora temas sensíveis e excitantes em suas histórias. Lisa acredita que sexo é para todos e tenta criar uma imagem normalizada e sensível dele em seus contos. Não vamos revelar se as histórias são baseadas em sua própria experiência ou não.
Weitere Infos & Material
Camgirl
Escrito por: Lisa Vild
Traduzido por: Alessandra Rezende
Os amigos e a família de Ella a descreveriam como uma jovem inteligente, responsável e madura. Ela gostaria muito de acreditar neles e nunca dá a ninguém motivos pra duvidar desse rótulo – mas ela mesma não acredita. A questão é que uma pessoa madura e responsável jamais acabaria na situação que Ella se encontra atualmente: uma estudante desempregada no fim do semestre, quase sem dinheiro no banco e com o verão se aproximando rapidamente, como uma maré que sobe de repente e intimidadora. Ela está precisando muito de dinheiro. E urgente.
“Vamos almoçar? Nós temos que comemorar!” disse Josephine com seu sorriso largo e seus lábios carnudos. É o ultimo dia do semestre e a universidade esvazia rapidamente. Os alunos se apressam para aproveitar o calor do início do verão, aliviados por finalmente estarem de férias. Ella se demora organizando os papéis e as canetas espalhados pela mesa. Por um lado, não há nada que ela queira mais que almoçar com Josephine e o resto da turma. Ou tomar um café. Ou ir ao pub. Ela quer ir com eles e esquecer essa ansiedade que cresce dentro dela. Por outro lado, é exatamente essa ansiedade que a segura. Ela tem toda a razão para estar ansiosa: não pode pagar nem um café e ainda está devendo o aluguel.
“Não, desculpe, também não posso hoje”. Josephine faz beicinho e cara de quem não gostou. Embora os olhos da amiga estejam sorrindo, algo dentro de Ella dói quando ela ouve sua amiga reclamar. Não, ela não pode mais socializar, não se significar gastar dinheiro. Como falar isso para os seus amigos sem passar vergonha?
“Desculpe, eu tenho...” Ella começa, mas percebe que Josephine virou as costas para dar atenção aos outros amigos... “uma coisa pra fazer”. Ela os vê saindo da sala de aula e, quando se dá por si, é a única que sobrou. Por alguns segundos, parece que o tempo para. Ela ouve as risadas e as vozes vagarosamente se distanciando até sumirem e de repente se sente mais sozinha do que jamais se sentiu. Ela, então, recolhe rapidamente o resto dos papeis e os enfia na mochila verde bandeira.
“Esperem!” Ella se apressa pela porta e corre até os degraus de mármore escuro. Seus sapatos baixos ecoam na medida que ela desce a escada em espiral. Quando ela alcança a base da escada, Josephine, Joel e Maria se viram surpresos. Todos sorriem quando percebem que é Ella que está correndo até eles. “Resolvi ir, lavar roupas pode esperar”.
À noite, quando ela chegou em seu apartamento minúsculo, ela se sentou e começou a chorar. Ondas brutais de ansiedade tomaram conta dela, enquanto ela pensava em todo o dinheiro que ela acabara de gastar, dinheiro que ela não tinha. Seu telefone vibra no bolso da calça e ela espera que ele silencie até olhar para a tela e ver que é mais uma ligação da sua mãe que ela deixou de atender. A terceira ligação do dia. Seus olhos ficam marejados de novo. Amanhã, ela terá que retornar sua mãe e explicar que não conseguiu encontrar trabalho, que suas economias acabaram e que ela não consegue mais pagar o aluguel. Ela vai ter que voltar para a casa dos pais – ela vai ser o maior fracasso da família.
O sentimento de desesperança é substituído por fúria. Ela se joga em sua cama, que não para de ranger, e abre seu computador. Com raiva, joga na caixa de buscas de Google: Como ganhar dinheiro rápido. Por uma hora, ela navega por inúmeras páginas e artigos, mas nenhum dos conselhos que encontra pagarão seu aluguel num futuro próximo. Ela vê resultado por resultado, mas não encontra nada interessante. Quando estava para desistir e pegar o telefone para ligar para a mãe, vê alguma coisa piscando na lateral do navegador. É um anúncio com uma mulher jovem e bonita se despindo enquanto se toca. As palavras: “Compre um show privado” estão piscando acima da imagem. Ella franze as sobrancelhas quando olha para a imagem. Então ela saca. Fecha todas as janelas e começa de novo. Ela, então, joga no Google: Como se tornar uma camgirl e imediatamente encontra montes de informações e fóruns online onde o fenômeno é discutido. Depois de um tempo ela encontra um fórum onde uma mulher diz que ganhou milhares de coroas suecas como camgirl.
A discussão é longa e cheia de trolls, mas há algo na estória da de mulher que interessa a Ella. Ela lê todos os posts e absorve as informações. Depois de mais uma hora, ela tira os olhos da tela e vê pela janela a cansativa cidade estudantil que nunca pareceu tão vazia. A maioria de seus colegas de sala já viajaram para passar o verão em casa. Alguns deles vão trabalhar e outros vão visitar os pais e descansar para o próximo semestre. A cidade olha para pra ela e ela tenta imaginar o que a cidade vê. Desesperança? Fracasso? É assim que Ella se vê.
Ela olha para a tela e lê o post da mulher novamente. Parece tão simples quando ela fala. Na verdade, é muito divertido. Eu chego ao clímax ao mesmo tempo que ganho dinheiro. Algumas vezes, eu nem mesmo tiro a roupa, muitos deles só querem companhia, a ponto de pagar por isso. Se joguem, meninas! Vocês não vão se arrepender. Ella olha para o nada e tenta se lembrar da última vez que teve um orgasmo. Ela não se lembra se já chegou perto ou mesmo se já tentou. Ela não curte muito masturbação, simplesmente não é importante para ela. Seu corpo era uma área inexplorada e, se dependesse de Ella, continuaria desse jeito. Ela tenta imaginar como seria se despir na frente de estranhos e só de pensar sente uma necessidade de se encolher. Ella simplesmente não consegue ver a si e ao seu corpo como algo sexy, como algo que poderia dar prazer.
A mulher no fórum postou alguns links para diferentes salas de bate-papo onde era ativa, Ella move o mouse para uma delas e pausa. Ela o faz mais por brincadeira. Ao menos a princípio. Ela então percebe que não tem escolha. Suas opções são voltar rastejando para a casa dos pais com o rabo entre as pernas ou pagar para pra ver. Tudo que ela tem que fazer é ligar seu velho MacBook, fazer log in na sala de bate-papo alguns dias por semana, e tirar as roupas peça por peça em frente a olhos gulosos. Ela tem que tirar a roupa de qualquer forma e nem virgem é - o pensamento a faz ruborescer. Ela passa a língua nos lábios e engole seco. Faz três meses que Victor terminou com ela depois de seis anos juntos.
Ele tinha sido seu primeiro e único parceiro sexual. Ela tinha certeza que eles ficariam juntos para sempre e essa certeza a confortava e dava segurança. Por isso, foi um choque quando, uma noite, ele falou que tinha conhecido alguém. Quando ela perguntou por que ele respondeu que não se sentia amado, que não se sentia sexy e que não estava sendo satisfeito. Ele disse que, ultimamente, ela nunca queria transar. Quando ela tentou argumentar com ele, ele só sacudiu a cabeça e disse: “Você sabe há quanto tempo a gente não transa? Ou há quanto tempo você não me toca? Isso não está dando certo, Ella”. Ele tinha razão, não estava dando certo. Ela nem gostava de sexo. Todas as vezes que ele a havia tocado ou tentava beijá-la da última vez que eles estavam juntos, ela rapidamente tentava escapar, culpando dores de cabeça ou cansaço. Sexo não significava nada para ela – é uma coisa que você tem que tolerar em ocasiões especiais ou aniversários porque é esperado de você, como uma tarefa chata.
Ella sacode a cabeça como se tivesse querendo fazer passar a sensação doída em seus olhos e garganta. Seria dinheiro fácil. Ela se acostumaria com isso e ninguém jamais saberia como ela fracassou em encontrar um trabalho de verão e como suas economias tinham sido detonadas em festas malucas e incontáveis cafés na cantina da faculdade. Ela teria que trabalhar um mês inteiro para ganhar o dinheiro que ganharia algumas noites como camgirl e, se ela fizesse isso, seus pais não teriam que mandar cheques ou mensagens preocupadas. Ela é uma mulher adulta, forte e independente o bastante e ela quer que todos vejam – ou ao menos pensem – que ela consegue cuidar de si. Então, ela decide tentar e clica para registrar um perfil, enquanto a noite cai lá fora de sua janela suja.
A primeira vez foi horrível. Ela se sentiu totalmente errada; é errado. Quando ela se vestiu aquela manhã, ela não tinha ideia que tiraria a roupa na frente do mundo inteiro aquela noite. Ela vestia jeans preto e justo e uma camisa velha, com umas manchas de gordura de alguma coisa que ela comeu mais cedo. As roupas eram justas no seu corpo magro e acentuavam seus quadris largos. Seus seios eram pequenos demais para precisarem de sutiã...




