E-Book, Portuguese, Band 33, 235 Seiten
Reihe: Romanistische Fremdsprachenforschung und Unterrichtsentwicklung
Koch / Reimann Novas perspetivas na didática do português como língua adicional: políticas educacionais - currículos - aplicações
1. Auflage 2024
ISBN: 978-3-8233-0470-8
Verlag: Narr Francke Attempto Verlag
Format: EPUB
Kopierschutz: 6 - ePub Watermark
Neue Perspektiven für die Didaktik des Portugiesischen als Fremd-, Zweit- und Herkunftssprache: Bildungspolitische Aspekte - Curricula - Praxisbeispiele
E-Book, Portuguese, Band 33, 235 Seiten
Reihe: Romanistische Fremdsprachenforschung und Unterrichtsentwicklung
ISBN: 978-3-8233-0470-8
Verlag: Narr Francke Attempto Verlag
Format: EPUB
Kopierschutz: 6 - ePub Watermark
Este volume oferece um panorama dos projetos e programas curriculares atuais na didática do português na Alemanha e em outras regioes do mundo. Mostraremos uma variedade de abordagens para desenvolver o português como parte integrante da oferta linguistica em contextos escolares e universitários. A rotulagem do português como 'lingua menor' no ensino de linguas estrangeiras é contrariada pelo reforco da sua posicao ao lado das outras linguas estrangeiras curriculares, bem como pela ênfase da importância do português como lingua a nivel mundial e como lingua de heranca.
Dieser Band gibt einen Überblick über aktuelle Projekte und Curricula zum Portugiesischunterricht in Deutschland und in anderen Regionen der Welt. Es zeigt sich eine Vielzahl von Ansätzen, um Portugiesisch als integralen Bestandteil des Sprachangebots im schulischen und universitären Kontext weiterzuentwickeln. Der Wahrnehmung des Portugiesischen als 'kleiner Sprache' wird mit der Betonung der Bedeutung des Portugiesischen als Weltsprache und seines Charakters als Herkunftssprache entgegengetreten.
Dr. Christian Koch ist wissenschaftlicher Mitarbeiter für Angewandte Sprachwissenschaft und Didaktik der romanischen Sprachen an der Universität Siegen.
Prof. Dr. Daniel Reimann ist Ordinarius für Didaktik der romanischen Sprachen und Literaturen an der Humboldt-Universität zu Berlin.
Autoren/Hrsg.
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2 Enquadramento teórico
2.1 A noção de Língua de Herança e as terminologias alternativas Para embasar a análise a ser feita no presente estudo, faz-se necessário definir algumas noções fundamentais. No núcleo deste enquadramento teórico está o conceito de LH em torno do qual orbitam outras terminologias alternativas que, como mostraremos na análise dos dados, denotam o caráter multifacetado de seu estatuto. Na literatura sobre LH, encontra-se uma pletora de termos, como língua minoritária, primeira língua (L1), língua materna, língua da família e língua de casa, para citar apenas alguns deles. Segundo Schalley/Eisenchlas (2020), ao nos referirmos à LH, implícita ou explicitamente, este termo diz respeito às línguas minoritárias em repertórios bilíngues. Essas autoras elencam as nuances conceituais reveladas por essas variadas designações que, na prática, podem levar a diferentes implicações atitudinais. Por isso, para a presente análise, preliminarmente, faz-se necessário especificar os traços particulares de cada uma dessas noções. Cabe iniciar esta diferenciação definindo o conceito de LH. Faneca/Araújo e Sá/Melo-Pfeifer (2016) apresentam uma definição que, devido à sua neutralidade valorativa, se mostra bastante funcional. Segundo estas autoras, o conceito de LH refere-se à língua da família de crianças e jovens de uma minoria linguística e cultural e pode estar associado ao desejo de preservar a língua e a cultura como capital familiar herdado. Nesta perspectiva, uma LH tem um estatuto e prestígio especiais, que parece situar-se num espaço entre a língua materna e a língua estrangeira dependendo do papel que essa língua desempenha na vida quotidiana do aprendente (Faneca/Araújo e Sá/Melo-Pfeifer 2016, 12). Uma LH é, portanto, em síntese, uma língua vista como minoritária, à qual os aprendentes são expostos primeiramente no ambiente familiar e que convive com a língua majoritária do país de acolhimento (Faneca/Araújo e Sá/Melo-Pfeifer 2016, 6). Se considerarmos o contexto deste estudo, em particular, um entendimento complementar a este é apresentado por Moroni (2017, 9), já que salienta o modo de aquisição da LH, ao pontuar que “seu aprendizado é intermitente e costuma se dar no interior da família, de modo informal e, em geral, pouco sistematizado”. Do mesmo modo, Little (2020, 2) atribui à família protagonismo como contexto peculiar de aprendizado de LH. Como esta autora salienta, pode-se falar em “intergeneral transmission of a language, i.e., a language that filters through the family”. Schalley/Eisenchlas (2020) apresentam uma diferenciação entre os termos alternativos para LH que, por serem muitas vezes empregados como se substituíveis fossem, demandam uma discussão teórica a respeito de suas distintas conotações. Estabelecer estas distinções é necessário, pois a noção de LH, como este estudo pretende mostrar, pode ser percebida em diferentes matizes, o que trará implicações pedagógico-didáticas igualmente distintas. Encontra-se na literatura sobre LH, frequentemente, o termo de língua minoritária, que costuma ser usado para descrever as línguas e os contextos dos falantes bilíngues e se centra na dicotomia entre língua majoritária e minoritária. Skutnabb-Kangas/McCarty (2008, 10) definem a língua minoritária como “a language that is not the dominant language of a territorial unit such as a state, because the speakers of the language have less power (they have been minoritized), and the language is generally spoken by a smaller number of people”. São, portanto, duas dimensões prevalentes, ambas de natureza social: a unidade territorial (o Estado-nação) como o contexto social restritivo (onde predomina outra língua dominante), bem como a falta de poder do grupo linguístico e sua “minoritarização” nesse contexto. Frente a esta definição, Schalley/Eisenchlas (2020, 22) chamam a atenção para o fato de que, assim, a falta de apoio estatal para línguas minoritárias dentro do território de um Estado, incluindo restrições tanto no acesso à alocação de recursos, quanto à inclusão nos currículos educacionais, torna essas línguas ainda mais minoritárias, independentemente do número de falantes. Enfocando o indivíduo, um outro conceito comumente associado ao termo LH e usado como seu sinônimo é o de primeira língua (L1). Embora aparente ser uma noção de simples compreensão, é um termo ambíguo, suscitando diversas interpretações. L1 normalmente é usado como sinônimo de língua materna e, no contexto das LH, como a língua de casa (home language, que é a terminologia proposta por Schalley/Eisenchlas 2020), contrastando com o termo L2 e língua estrangeira (LE). A confusão em torno dessa noção está relacionada com a ambiguidade que o próprio conceito de “primeiro” implica. Skutnabb-Kangas/McCarty (2008, 6), por exemplo, definem a L1 como a língua aprendida primeiro, de maior domínio ou a mais usada. Essa definição contém, portanto, três aspectos: sequência de aprendizado, proficiência e extensão de uso. Ocorre que, nos contextos de bilinguismo de herança, a L1 costuma ser a língua minoritária, que poderá ser dominante e por isso a língua mais proficiente do falante nos primeiros anos de vida, mas que vai perdendo a dominância à medida que o falante vai sendo escolarizado na língua dominante na sociedade. Quando isso ocorre, a primeira língua cronologicamente aprendida deixa de ser a língua de maior proficiência e este qualificativo passa a ser aplicado para a língua dominante na sociedade (que pode ter sido aprendida como a segunda). Do mesmo modo, a primeira língua cronologicamente adquirida pode ser usada apenas em contextos limitados, como a família. Muitos autores parecem usar o termo L1 para se referir à dominância da língua pelo falante. Contudo, há de se levar em consideração que o estatuto de uma língua pode se alterar ao longo da vida a depender das biografias linguísticas dos falantes. Por essa razão, parece mais razoável salientar a dimensão da sequência de aprendizado e tratar como L1 a primeira língua cronologicamente adquirida. A dimensão do termo L1, diz respeito, portanto, ao falante individualmente, ao passo que o conceito de língua minoritária abarca uma dimensão social. Um outro conceito comumente usado para se referir às línguas não dominantes dos falantes bilíngues, e, portanto, empregado no sentido de LH, é o termo de língua materna. Esta nomenclatura parece ser prevalente no contexto educacional e na literatura sobre direitos humanos (UNESCO 1951, 691). As diversas definições de língua materna destacam variados aspectos. Skutnabb-Kangas/McCarty (2008, 11) a definem como “the language one learns first, identifies with, and/or is identified by others as a native speaker of; sometimes also the language that one is most competent in or uses most”. Esta definição parece problemática, já que junta dimensões opcionais separadas, sem problematizá-las. Contudo, reconhece que o indivíduo pode saber uma língua melhor, mas, ainda assim, no plano afetivo, se sentir mais fortemente ligado a outra língua, que foi aprendida e usada em casa e com a qual associa experiências subjetivas primárias. Alguns autores questionam inclusive a propriedade do qualitativo “materna” (Romaine 1994), considerando que a língua materna não necessariamente será transmitida pela mãe, como a principal cuidadora da criança, podendo ser também transmitida pelo pai ou uma outra pessoa. Definir a língua materna não é, portanto, um processo simples. Cabe lembrar que, a depender do país, o entendimento deste termo pode ter implicações práticas no nível societal e educacional, como por exemplo, o direito de receber ou não instrução escolar numa língua específica. Em geral, a identificação do falante com a língua pode ser vista como a dimensão determinante para o uso do termo língua materna e que, normalmente, é vista como a língua transmitida pelos pais e contextualizada na família. Além disso, um nível substancial de proficiência é requerido, para que essa designação se aplique. No contexto da presente análise, um outro conceito a ser definido é o termo língua de casa (home language), que está no centro da abordagem proposta por Schalley/Eisenchlas (2020). Essa nomenclatura se refere a um domínio específico de uso, sendo entendida como a língua falada no ambiente doméstico. Todavia, como argumentam as autoras, essa delimitação de domínio não deve implicar que os participantes nas interações familiares limitem o uso de sua(s) língua(s) ao domínio da casa. Mais do que isso, a “casa” fornece um ponto de referência, a partir do qual os falantes navegam pelo mundo; é o espaço onde as negociações sobre o uso da língua predominantemente acontecem no micro nível. Nesse sentido, a língua de casa salienta um panorama dinâmico baseado no agency do falante. A proeminência e o uso da(s) língua(s) em famílias bilíngues são constantemente tema de (re)negociação, uma vez que os falantes mudam de língua de acordo com a percepção do contexto no qual se encontram, em diferentes pontos no tempo ou momentos da vida. Isso quer dizer que a noção de língua de casa implica um senso de contingência. Nota-se, portanto, que, assim como com os outros termos anteriormente definidos, esta nomenclatura também é usada de modo restrito, para se referir às línguas não dominantes dos (bi)plurilíngues e por isso está associada ao conceito de LH. Como ponderam as autoras, é óbvio que todos têm uma língua de casa, falantes de línguas dominantes ou não, monolíngues ou...