Costa Wätzold | A Língua de Herança em contexto não-formal de aprendizagem: o caso da transmissão intergeracional do Português | E-Book | sack.de
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E-Book, Portuguese, Band 27, 389 Seiten

Reihe: Romanistische Fremdsprachenforschung und Unterrichtsentwicklung

Costa Wätzold A Língua de Herança em contexto não-formal de aprendizagem: o caso da transmissão intergeracional do Português

Um estudo qualitativo
1. Auflage 2023
ISBN: 978-3-8233-0480-7
Verlag: Narr Francke Attempto Verlag
Format: EPUB
Kopierschutz: 6 - ePub Watermark

Um estudo qualitativo

E-Book, Portuguese, Band 27, 389 Seiten

Reihe: Romanistische Fremdsprachenforschung und Unterrichtsentwicklung

ISBN: 978-3-8233-0480-7
Verlag: Narr Francke Attempto Verlag
Format: EPUB
Kopierschutz: 6 - ePub Watermark



O aprendizado do Português como Língua de Herança em contextos não-formais de ensino implica diferentes desafios didático-pedagógicos, demandando investimento familiar. Ancorado em teorias ecológicas e sistêmicas, este volume apresenta um estudo de caso com abordagem etnográfica realizado na Baviera. A autora elucida como as dinâmicas intergeracionais que visam a transmissão e manutenção da Língua de Herança (centradas no uso da literatura infantil) contribuem para a construção da identidade cultural e linguística dos aprendentes e investiga os efeitos e o valor pedagógico dessas práticas.

Juliane Pereira da Costa Wätzold ist promovierte Dozentin für Portugiesisch und Deutsch als Fremdsprache an der Katholischen Universität Eichstätt-Ingolstadt und an der Techinischen Hochschule Ingolstadt. Ihre Forschungsgebiete sind Herkunftssprachen, Multilinguismus und Sprachliche Bildung.

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I Apresentação
Introdução e contexto prático
A presente investigação se situa no campo da educação linguística, designadamente, do ensino e aprendizado de Português como Língua de Herança (PLH). No centro desta pesquisa estão as estratégias implementadas para a sua transmissão, manutenção e desenvolvimento em um contexto não-formal de aprendizado. Investigadores como Mesthrie e Leap (2000) afirmam que a manutenção de uma língua se refere ao seu uso contínuo em face da competição com uma outra língua regionalmente ou socialmente mais poderosa. Neste sentido, o enfoque está no uso da língua, visto por uma perspectiva mais sociolinguística do que puramente linguística, concernente a uma relação de desequilíbrio, já que, nessa competição, a língua mais poderosa é a falada majoritariamente pela sociedade, enquanto a língua a ser mantida, desenvolvida, ou adquirida, é a minoritária, ou a língua falada em casa (home language). O desenvolvimento de uma língua, por sua vez, refere-se aos processos de desenvolvimento de conhecimento linguístico, aos resultados desses processos e às condições sob as quais eles acontecem. Os contextos não-formais e informais de aprendizado, diferentemente dos contextos formais ou institucionais (nos quais, em geral, pode-se falar em obrigatoriedade), são imbricados de fatores de ordem social e afetiva. Os fatores sociais que influenciam o aprendizado de uma língua podem ser vistos como as condições socioambientais que determinam a necessidade de sua manutenção e desenvolvimento, e que podem ser de ordem cultural, política, de ideologias linguísticas, entre outros. Já os fatores afetivos, são as condições psicossociais que influenciam o desenvolvimento e a manutenção de uma língua. Esses fatores podem incluir emoções individuais e perspectivas sobre identidade, cultura e tradição, e podem influenciar crenças e atitudes (Schalley & Eisenchlas, 2020). Nesta perspectiva, o presente estudo se concentra em compreender e descrever as dinâmicas do processo de aquisição-aprendizado do PLH em um contexto não-formal, como é o caso da Mala de Herança (MH), um projeto socioeducativo para a promoção desta língua, atuante na cidade de Munique, Alemanha. Criada em 2012, a MH é uma iniciativa de incentivo à transmissão e ao ensino do PLH por intermédio da leitura e da contação de histórias, associadas à realização de oficinas de música, arte, dança, língua e cultura para famílias com crianças falantes de língua portuguesa, bilíngues ou plurilíngues. Através dessas atividades, em encontros mensais com duração de 3 horas, o projeto fornece apoio à aquisição e expansão do vocabulário na língua portuguesa (LP) para crianças e jovens que vivem em diversos países e contribui para a interação das famílias no contexto da comunidade falante de LP, apoiando-as, assim, na educação plurilíngue. Como será mostrado, sobretudo no contexto informal, pode-se falar em transmissão intergeracional. Buscou-se, desta forma e nesse cenário, identificar quais as dinâmicas desenvolvidas para a transmissão do PLH, quais os fatores impulsionadores por trás dessas práticas e como elas são percebidas pelos sujeitos envolvidos no processo de aquisição-aprendizado dessa língua. Pode-se dizer que a gênese desta investigação precede de longa data a definição do tema. A pesquisadora que, além de observadora participante, é mãe de duas crianças teuto-brasileiras com as quais frequentava o projeto MH, é também professora de alemão e português como línguas estrangeiras (LE) trazendo em sua bagagem profissional uma experiência convencional de ensino, construída a partir do uso de materiais didáticos produzidos especificamente para essa área particular. É relevante mencionar este ponto, pois foi com a percepção da relação de ensino/aprendizado pautada nos moldes do ensino formal que a investigadora adentrou o campo de pesquisa. Partia, assim, de uma concepção de ensino de línguas orientada pelas práticas que acontecem em salas de aulas, com materiais didáticos específicos, obedecendo a planos e currículos, visão que foi desconstruída e reconstruída ao longo do trabalho de pesquisa. Quando era mera frequentadora do projeto com seus filhos, dado o aparente nível de informalidade, a pesquisadora sempre se questionava em que medida o valor pedagógico daquelas dinâmicas ali praticadas poderia ser reconhecido, como acontece no caso do ensino formal. Havia, de sua parte, a convicção estereotipada de que não existiam materiais didáticos que pudessem atender de maneira satisfatória à demanda de famílias que não tivessem acesso ao ensino formal do PLH. O fato é que, ao chegar ao campo de pesquisa, a investigadora trazia uma visão de ensino de LH ainda pautada pelo ensino de LE. Do mesmo modo, estava imbuída ainda de uma concepção na qual os aprendentes de LH eram comparados com os falantes e aprendentes de língua materna (LM) e, assim, vistos como alguém que não domina completamente a língua. A partir de uma perspectiva revista, a presente investigação salienta e aponta a impossibilidade do uso deste paradigma, segundo o qual o falante de LH é deficitário, ou menos proficiente do que o falante de LM, e busca disseminar, no campo do ensino do PLH, uma visão mais ampla e diferenciada da relação ensino/aprendizado de língua sem esse viés comparativo. No período precedente ao caso particular aqui estudado, a pesquisadora havia vivido uma experiência pessoal marcante de tentativa do ensino do PLH, que cabe ser brevemente narrada. Em virtude de sua formação profissional, acreditava até então que, valendo-se de manuais e métodos que o mercado editorial ofertava, o ensino familiar de LH fosse viável. Assim, com essa convicção, havia concluído um curso de formação de educadores em PLH e começou a explorar este universo didático: adquiriu exemplares de manuais para o ensino dessa língua e convidou, além de seus filhos, outras crianças de famílias lusófonas para encontros nos quais pretendia ensiná-los a ler e a escrever em português. Naquela constelação, foi possível constatar, prontamente, qual seria o maior desafio deste tipo de ensino: o gerenciamento da heterogeneidade. No grupo formado, alguns falavam o português como nativos, outros apenas compreendiam, e havia uma criança filha de portugueses que não falava nem compreendia a LP e que, todavia, havia sido trazida pelos pais entusiasmados com a perspectiva de aprendizagem. Nesse momento, ficou claro que ensinar uma LH, ao contrário do que conhecia sobre ensino de LM ou de LE, implicava desafios de outra natureza: não só a heterogeneidade representava um obstáculo, mas também a insuficiência e ineficácia dos métodos e materiais encontrados e disponíveis para serem utilizados. Outra dificuldade era despertar o interesse das crianças pelo PLH. Em uma determinada faixa etária, depois de frequentar a escola uma semana inteira, o que as crianças realmente querem é poder brincar, vale dizer, mais compromissos com aparência de “atividade escolar” não são bem recebidos por elas. Além disso, em um grupo onde todos dominam a língua comum da sociedade, o educador precisa refletir sobre como negociar e tirar partido das práticas translinguageiras (Canagarajah, 2013; García & Kleifgen, 2010; García & Li, 2014). Ao conhecer a realidade prática do educador de LH, era premente encontrar uma abordagem adequada à heterogeneidade e que possibilitasse lidar com os diferentes níveis de proficiência e os diferentes repertórios linguísticos, característica típica dos grupos de aprendentes de LH. Foi quando, então, antes que esta tentativa de ensino do PLH naquele contexto informal se tornasse inviável, os integrantes daquele pequeno grupo tomaram conhecimento da existência do projeto MH de Munique, e começaram a frequentá-lo. Os anos se passaram e os efeitos pareciam à investigadora bastante satisfatórios, já que a proposta da MH havia possibilitado um aprendizado sustentável a longo prazo e acessível a todos, sobretudo àqueles que não tinham acesso a qualquer outra forma de adquirir ou manter a LP. Refletindo a respeito dos desafios didáticos-pedagógicos no ensino das LH, surgiu a curiosidade investigativa de compreender qual o valor pedagógico e potencial que guardava a MH, como dispositivo didático, e quais as abordagens teóricas que serviriam para estudá-lo. O fato de o projeto se situar no ensino não-formal/informal do PLH justificava tomá-lo como objeto de estudo, considerando, em especial, a perspectiva de preencher uma lacuna nesse campo de investigação, uma vez que os cenários formais são mais conhecidos e pesquisados com mais frequência. Até então, as práticas e dinâmicas propostas em seu âmbito não haviam sido cientificamente avaliadas em uma pesquisa aprofundada. Neste momento, fez-se um recorte teórico-conceitual e foi iniciado o estudo do estado da arte nesta área. Devido ao fato de ter frequentado o projeto, havia, por parte da pesquisadora, um conhecimento tácito prévio do modo de funcionamento da MH, circunstância que facilitou também as decisões preliminares quanto ao futuro design metodológico e a definição dos referenciais teóricos que embasariam a pesquisa. As abordagens ecológicas e sistêmicas (Bronfenbrenner, 1996, 2005; Van Lier, 2004) poderiam fornecer um arcabouço capaz de dar conta das questões que se pretendia responder, e foi estabelecido que este seria o marco teórico inicial que guiaria a análise. Relevância do tema
No contexto alemão de pesquisa...



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