De Assis / Nemo | Romancistas Essenciais - Machado de Assis | E-Book | www.sack.de
E-Book

E-Book, Portuguese, Band 6, 410 Seiten

Reihe: Romancistas Essenciais

De Assis / Nemo Romancistas Essenciais - Machado de Assis


1. Auflage 2020
ISBN: 978-3-96799-926-6
Verlag: Tacet Books
Format: EPUB
Kopierschutz: 6 - ePub Watermark

E-Book, Portuguese, Band 6, 410 Seiten

Reihe: Romancistas Essenciais

ISBN: 978-3-96799-926-6
Verlag: Tacet Books
Format: EPUB
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Na coleção Romancistas Essenciais o crítico August Nemo apresenta autores que fazem parte da história da literatura em língua portuguesa. Neste volume temos Machado de Assis, considerado por Harold Bloom 'o maior literato negro surgido até o presente', Machado de Assis é um gênio da literatura em língua portuguesa.Machado de Assis escreveu em praticamente todos os gêneros literários, sendo poeta, romancista, cronista, dramaturgo, contista, folhetinista, jornalista e crítico literário. Não deixe de conferir os demais volumes desta série! Essa obra inclui: - Dom Casmurro. - Memórias Póstumas de Brás Cubas.

Joaquim Maria Machado de Assis(Rio de Janeiro, 21 de junho de 1839 Rio de Janeiro, 29 de setembro de 1908) foi um escritor brasileiro, considerado por muitos críticos, estudiosos, escritores e leitores um dos maiores senão o maior nome da literatura do Brasil. Escreveu em praticamente todos os gêneros literários, sendo poeta, romancista, cronista, dramaturgo, contista, folhetinista, jornalista e crítico literário.

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Dedicatória
AO VERME QUE PRIMEIRO ROEU AS FRIAS CARNES DO MEU CADÁVER DEDICO COMO SAUDOSA LEMBRANÇA ESTAS MEMÓRIAS POSTHUMAS Ao leitor
Que, no alto do principal de seus livros, confessasse Stendhal havel-o escripto para cem leitores, cousa é que admira e consterna. O que não admira, nem provavelmente consternará é se este outro livro não tiver os cem leitores de Stendhal, nem cincoenta, nem vinte, e quando muito, dez. Dez? Talvez cinco. Trata-se, na verdade, de uma obra diffusa, na qual eu, Braz Cubas, se adoptei a fórma livre de um Steme, de um Lamb, ou de um de Maistre, não sei se lhe metti algumas rabugens de pessimismo. Póde ser. Obra de finado. Escrevi-a com a penna da galhofa e a tinta da melancholia; e não é difficil antever o que poderá sair desse connubio. Accresce que a gente grave achará no livro umas apparencias de puro romance, ao passo que a gente frivola não achará nelle o seu romance usual; e eil-o ahi fica privado da estima dos graves e do amor dos frivolos, que são as duas columnas máximas da opinião. Mas eu ainda espero angariar as sympathias da opinião, e o meio eíficaz para isso é fugir a um prólogo explicito e longo. O melhor prologo é o que contém menos cousas, ou o que as diz de um geito obscuro e truncado. Conseguintemente, evito contar o processo extraordinário que empreguei na composição destas Memórias, trabalhadas cá no outro século. Seria curioso, mas nimiamente extenso, e aliás desnecessário ao entendimento da obra. A obra em si mesma é tudo : se te agradar, fino leitor, pago-me da tarefa; se te não agradar, pago-te com um piparote, e adeus. , Capítulo Primeiro: Óbito do autor
Algum tempo hesitei se devia abrir estas memorias pelo principio ou pelo fim, isto é, se poria em primeiro logar o meu nascimento ou a minha morte. Supposto o uso vulgar seja começar pelo nascimento, duas considerações me levaram a adoptar diferente methodo: a primeira é que eu não sou propriamente um autor defunto, mas um defunto autor, para quem a campa foi outro berço; a segunda é que o escripto ficaria assim mais galante e mais novo. Moysés, que tambem contou a sua morte, não a poz no introito, mas no cabo: diferença radical entre este livro e o Pentateuco. Dito isto, expirei ás duas horas da tarde de uma sexta feira do mez de agosto de 1869, na minha bella chácara de Catumby. Tinha uns sessenta e quatro annos, rijos e prosperos, era solteiro, possuia cerca de tresentos contos e fui acompanhado ao cemiterio por onze amigos. Onze amigos! Verdade é que não houve cartas nem annuncios. Accresce que chovia — peneirava — uma chuvinha miuda, triste e constante, tão constante e tão triste, que levou um daquelles fieis da ultima hora a intercalar esta engenhosa idéa no discurso que proferiu á beira de minha cova:— « Vós, que o conhecestes, meus senhores, vós podeis dizer commigo que a natureza parece estar chorando a perda irreparavel de um dos mais bellos caracteres que tem honrado a humanidade. Este ar sombrio, estas gotas do céu, aquellas nuvens escuras que cobrem o azul como um crepe funereo, tudo isso é a dor crua e má que lhe róe á Natureza as mais intimas entranhas; tudo isso é um sublime louvor ao nosso illustre finado. » Bom e fiel amigo! Não, não me arrependo das vinte apolices que lhe deixei. E foi assim que cheguei à clausula dos meus dias; foi assim que me encaminhei para o undiscovered country de Hamlet, sem as ansias nem as duvidas do moço principe, mas pausado e tropego, como quem se retira tarde do espetaculo. Tarde e aborrecido. Viram-me ir umas nove ou dez pessoas, entre ellas tres senhoras,— minha irmã Sabina, casada com o Cotrim,— a filha, um lyrio do valle,— e... Tenham paciencia! daqui a pouco lhes direi quem era a terceira senhora. Contentem-se de saber que essa anonyma, ainda que não parenta, padeceu mais do que as parentas. E' verdade, padeceu mais. Não digo que se carpisse, não digo que se deixasse rolar pelo chão, epileptica. Nem o meu obito era cousa altamente dramatica... Um solteirão que expira aos sessenta e quatro annos, não parece que reuna em si todos os elementos de uma tragedia. E dado que sim, o que menos convinha a essa anonyma era apparental-o. De pé, á cabeceira da cama, com os olhos estupidos, a boca entreaberta, a triste senhora mal podia crer na minha extincção. — Morto! morto! dizia consigo. E a imaginação dela, como as cegonhas que um ilustre viajante viu desferirem o vôo desde o Ilysso ás ribas africanas, sem embargo das ruínas e dos tempos, — a imaginação dessa senhora também voou por sobre os destroços presentes até ás ribas de uma Africa juvenil... Deixal-a ir; lá iremos mais tarde; lá iremos quando eu me restituir aos primeiros annos. Agora, quero morrer tranquillamente, methodicamente, ouvindo os soluços das damas, as fallas baixas dos homens, a chuva que tamborila nas folhas de tinhorão da chacara, e o som estridulo de uma navalha que um amolador está afiando lá fóra, à porta de um correeiro. Juro-lhes que essa orchestra da morte foi muito menos triste do que podia parecer. De certo ponto em deante chegou a ser deliciosa. A vida estrebuchava-me no peito, com uns impetos de vaga marinha, esvaia-se-me a consciencia, eu descia á immobilidade physica e moral, e o corpo fazia-se-me planta, e pedra, e lodo, e cousa nenhuma. Morri de uma pneumonia; mas se lhe disser que foi menos a pneumonia, do que uma idéa grandiosa e util, a causa da minha morte, é possível que o leitor me não creia, e todavia é verdade. Vou expor-lhe summariamente o caso. Julgue-o por si mesmo. Capítulo II: O emplasto
Com effeito, um dia de manhã, estando a passear na chacara, pendurou-se-me uma idéa no trapezio que eu tinha no cerebro. Uma vez pendurada, entrou a bracejar, a pernear, a fazer as mais arrojadas cabriolas de volantim, que é possível crer Eu deixei-me estar a contemplal-a. Subito, deu um grande salto, estendeu os braços e as pernas, até tomar a fórma de um X: decifra-me ou devoro-te. Essa idéa era nada menos que a invenção de um medicamento sublime, um emplastro anti-hypocondriaco, destinado a alliviar a nossa melancholica humanidade. Na petição de privilegio que então redigi, chamei a attenção do governo para esse resultado, verdadeiramente christão. Todavia, não neguei aos amigos as vantagens pecuniarias que deviam resultar da distribuição de um producto de tamanhos e tão profundos effeitos. Agora, porém, que estou cá do outro lado da vida, posso confessar tudo: o que me influiu principalmente foi o gosto de ver impressas nos jornaes, mostradores, folhetos, esquinas, e emfim nas caixinhas do remedio, estas tres palavras: emplasto Bras Cubas. Para que negal-o? Eu tinha a paixão do arruido, do cartaz, do foguete de lagrimas. Talvez os modestos me arguam esse defeito; fio, porém, que esse talento me hão de reconhecer os habeis; e eu era habil. Assim, a minha idéa trazia duas faces, como as medalhas, uma virada para o publico, outra para mim. De um lado, philanthropia e lucro; de outro lado, sêde de nomeada. Digamos:—amor da gloria. Um tio meu, conego de prebenda inteira, costumava dizer que o amor da gloria temporal era a perdição das almas, que só devem cobiçar a gloria eterna. Ao que retorquia outro tio, official de um dos antigos terços de infantaria, que o amor da gloria era a coisa mais verdadeiramente humana que ha no homem, e, conseguintemente, a sua mais genuina feição. Decida o leitor entre o militar e o conego; eu volto ao emplasto. Capítulo III: Genealogia
Mas, já que fallei nos meus dous tios, deixem-me fazer aqui um curto esboço genealogico. O fundador da minha familia foi um certo Damião Cubas, que floresceu na primeira metade do seculo XVIII. Era tanoeiro de officio, natural do Rio de Janeiro, onde teria morrido na penuria e na obscuridade, se sómente exercesse a tanoaria. Mas não; fez-se lavrador, plantou, colheu, permutou o seu producto por boas e honradas patacas, até que morreu, deixando grosso cabedal a um filho, o licenciado Luiz Cubas. Neste rapaz é que verdadeiramente começa a serie de meus avós — dos avós que a minha familia sempre confessou —, porque o Damião Cubas era afinal de contas um tanoeiro, e talvez mau tanoeiro, ao passo que o Luiz Cubas estudou em Coimbra, primou no Estado, e foi um dos amigos particulares do vice-rei conde da Cunha. Como este appellido de Cubas lhe cheirasse excessivamente a tanoaria, allegava meu pae, bisneto do Damião, que o dito appellido fôra dado a um cavalleiro, heroe nas jornadas da Africa, em premio da façanha que praticou, arrebatando tresentas cubas aos mouros. Meu pae era homem de imaginação; escapou à tanoaria nas azas de...



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