Várzea / Nemo | 7 melhores contos de Virgílio Várzea | E-Book | www.sack.de
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E-Book, Portuguese, Band 26, 85 Seiten

Reihe: 7 melhores contos

Várzea / Nemo 7 melhores contos de Virgílio Várzea


1. Auflage 2020
ISBN: 978-3-96917-615-3
Verlag: Tacet Books
Format: EPUB
Kopierschutz: 6 - ePub Watermark

E-Book, Portuguese, Band 26, 85 Seiten

Reihe: 7 melhores contos

ISBN: 978-3-96917-615-3
Verlag: Tacet Books
Format: EPUB
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Na coleção Sete Melhores Contos o crítico August Nemo apresenta autores que fazem parte da história da literatura em língua portuguesa.Virgílio Várzea, um escritor, jornalista e político brasileiro. Liderou, de 1883 a 1887, a 'Guerrilha Literária Catarinense' contra o conservadorismo romântico, visando a implantar a 'Idéia Nova', ou seja, a renovação estética do Realismo-NaturalismoNão deixe de conferir os demais volumes desta série!Os contos presentes nessa obra são:O mestre de redes.Os argonautas.No litoral catarinense.O amor de Garibaldi.Manhã na roça.O noivado.Sol de outrora.

Virgílio dos Reis Várzea (Florianópolis, 6 de janeiro de 1863 Rio de Janeiro, 29 de dezembro de 1941) foi um escritor, jornalista e político brasileiro.
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Argonautes fameux, demi-dieux de la Grèce,

Castor, Pollux, Orphée, et vous, heureux Jason,

Vous de qui la valeur, et l'amour, et l'adresse

Ont conquis la toison.

VOLTAIRE

Prima deum magnis canimus freta pervia natis,

Fatidicamque ratem; scythici quae Fasidis oras

Aura segui, mediosque inter juga concita cursus

Rumpere, flammifero tendem consedit Olimpo.

VALERIUS FLACUS

Tão brandamente os ventos os levavam

Como quem o Céu tinha por amigo:

Sereno o ar, e os tempos se mostravam

Sem nuvens, sem receio de perigo...

CAMÕES

I


Uma madrugada de ouro alastrava os céus azuis da Hélade. As muralhas rendilhadas de Iolkos, envolvendo uma multidão de palácios e templos, branquejavam na verde curva do golfo, cujas ondas refletiam magicamente a cidade que tinha, n'água, a rutilação e o aspecto das paisagens polares. Aqui a além, pequenas ilhas frondentes surgiam, como ninhos de verdura ou grandes esmeraldas, sobre a ampla planura de turquesa líquida. As águas do Pagasæ, mansas e espelhadas, vestiam um esplendor de púrpura ao Levante, onde espuma o Egeu, e convidavam a vogar. Longe, ao Norte, no Ossa, fulgiam feericamente, acesas pelo sol, no seu recorte em ameias, as plateas nevadas do Pelion. E ao sul, na Eubeia, vinha pouco e pouco emergindo das águas, sob a loura gaze alvoral, o promontório de Artemisa com as suas rochas altas...

Fora das muralhas, num extenso e delgado pontal de areias douradas, homens e mulheres, em multidão, toucados de flores, empunhando palmas e fachos, de pé e olhando as ondas, entoavam entusiasticamente um hino primitivo e bárbaro, mas heroico e cultual a POSEIDON, Deus dos Mares, — enquanto pequenas embarcações, leves batéis de formas singulares, alinhados em flotilha, ganhavam o largo, impelidos por longos remos prateados que jovens marujos atléticos, sentados aos bancos, brandiam vigorosamente, a pulso.

À popa de cada batel destacavam-se grupos de guerreiros trazendo lanças e escudos. Pareciam deuses, aparelhados em guerra, partindo, numa rajada de aventura e audácia, para alguma conquista ou desafronta à pátria, longe, em terras remotas, perdidas nas águas. Eram fortes e belos, de uma grande elegância de porte, as faces morenas emolduradas em densa barba negra e esplêndida cabeleira anelada. Voltados para a praia, abanavam com as lanças e escudos à multidão que ficava, e que, numa permuta de adeuses acenava também, agitando palmas e fachos.

Dentre esses homens, olímpicos um sobressaía, mais alto, mais augusto que todos. Tinha um grande aprumo marcial. Vinha só, em meio aos remadores, num batel de cedro dourado. Altivo e majestoso sobre o elevado paneiro de popa, um capacete de ouro à cabeça, um vasto manto de púrpura flutuando no ar, parecia de pé sobre um trono, singrando à testa da alígera flotilha. Era Jasão, o bravo almirante dos Argonautas.

Já o sol surgira de todo; alagando com a sua luz viva e fulva o cristal verde do golfo, a branca cidade de mármore, as arenosas costas recurvas, as planuras sem fim da Tessália. Uma leve brisa de norte, vinda talvez dos rútilos cimos do Olimpo como uma deliciosa carícia dos Deuses, soprava docemente, enrugando a toalha das águas que se enchia de um frêmito.

E já Argo, a nau poderosa, tremia e caturrava nas amarras de prata, ao bafejo afagante da aragem. Toda dourada, resplandecia soberbamente ao sol. À popa alta, além do enorme e recurvo convés, três cobertas corriam, assinaladas exteriormente, no casco, por longos verdugos de marfim e de ébano, findando, à alheta, em cabeças de Hidras assanhadas, tendo estendidas em assalto as escarlates línguas de arpão, torcendo-se furiosamente aos cantos do largo espelho de ré, feito de carvalho maciço para resistir às vagas. A proa, posto que muito resistente, fora, contudo, reforçada com um grosso lenho da sagrada floresta de Dodone, onde estavam os Oráculos. À larga enora do gurupés um entalhado pesado e rude, gigantesco, de uma estética bárbara, representava a Águia-Real da Tessália, a envergadura aberta, na atitude decisiva de arrojar-se ao Espaço, levando nas garras aduncas um dragão suplantado. Três mastros cilíndricos e altos, de um só pau, erguiam-se, à igual distância uns dos outros, estalados e enxarciados de prata, os topes coroados de uma estrela de ouro, a cinco raios, — a POLAR. Tal arvoredo, simples e primitivo, armava latinos de púrpura, abrindo ao vento como asas. Interiormente, o navio não tinha quase porão, e além de um largo vazio ao fundo, sobre o forro das cavernas, onde ia o pesado lastro, um lastro de colunas dóricas, de mármore de Páros. Mas as cobertas dividiam-se em sacrários e câmaras para o chefe e subchefes náuticos, camarins para a oficialidade, praças de armas, paióis de munições bélicas e de boca, e cabines para a marinhagem. Uma dessas cobertas, a segunda, que era o Santuário do navio, abria-se em dois largos âmbitos suntuosos, cheios de incrustações e ornatos: no de popa, o Altar de Hera (a “soberana”, como os gregos chamavam a JUNO) brilhava, qual uma constelação de céu tropical, erguido às orações e sacrifícios à Deusa sob cuja benção a expedição se arrojava: no de proa, elevava-se, em ondas de ouro chamejantes, talhado em forma de concha, o de Poseidon, Deus dos Mares, invocado sempre, com fervor, às Cerrações e às Tempestades. Na tolda, à extrema ré, ficavas os luxuosos camarotes de Jasão, forrados de ouro e damasco, deitando grandes discos de vidro — as vigias — para o Céu e para o Mar...

Quando os batéis atracaram a Argo, os cânticos cessaram na praia. Um silêncio sagrado enchia o ar cheio de sol, envolvia as verdes águas. E só a brisa do norte siflava tenuemente, alegremente nos cabos e mastros.

Ao erguer âncoras a galé, uma derradeira saudação de despedida, um pean prolongadamente estrugiu, partindo do pontal arenoso e ecoando numa plangência nostálgica. E a multidão agitou, outra vez, as suas palmas e fachos.

Os Argonautas, de pé ao tombadilho, abanavam também com as suas lanças e escudos, enquanto Tifis, o famoso piloto, conhecedor de todas as costas e mares, postado ao leme ao lado de Jasão, entrava a desvendar-lhe o misterioso segredo dos Rumos e a difícil arte das Manobras Náuticas.

E, velas soltas ao vento, Argo começou a singrar, como um estranho, magnífico cisne de ouro e púrpura, para a sua arrojada viagem, deixando a ondular pela popa uma imensa esteira de espuma.

Levados pelo próprio almirante os oficiais argonautas, como toda a marinhagem, soltaram então, em coro, fitando as ondas em volta, o conhecido hino sacro-marítimo à ABEONA, a divindade que presidia às viagens, à partida, velho hino esquipetarpelasgo que impetra tão sentidamente a proteção e as bençãos do OLIMPO para os que cruzam, às bonanças e às tormentas, a vastidão e os turbilhões do Oceano:

Amarras a pique

A nave ergue velas;

Oh, deita ABEONA

Teus olhos a elas!

Protege os marujos

Que arrojam-se aos mares

E deixam em terra

Seus bens e seus lares!

Ao lado de JÚPITER

De onde dominas,

Ampara as galés

Co’as graças divinas!

Guia, oh Deusa, a nau

Ao porto e destino

Por nós pede aos DEUSES

Do OLIMPO divino!

Amarras a pique

A nave ergue velas;

Oh, deita ABEONA

Teus olhos a elas!

Depois entoaram uma suave, amorosa oração a VÊNUS, a arrebatante deusa adorada:

Astro de esplendor,

Flor da Formosura,

Dá-nos teu amor

E graça e ventura.

E d'Argo, arrojada

Sobre os vagalhões,

A ti, DEUSA amada,

Subam orações.

A galé avançava lentamente para o sul, cortando as vagas aos balouços, afogada em turbilhões de espuma. Iolkos esmorecia a distância, na brancura dos seus mármores. E todos, olhando a terra que fugia num afastamento contínuo e saudoso onde tudo se afundava e sumia, entraram a experimentar as primeiras oscilações cadenciadas da berceuse do Mar...

Ao pavilhão do comando, diante da incomparável solidão e majestade oceânica, Jasão, agora, meditava, imerso no seu grande sonho de glória — e sorria agradecido aos Deuses por lhe serem propícios e o protegerem na aventurosa viagem. Despojado e afastado do trono sem talvez o perceber, em vez de reinar sobre as ricas terras da Tessália, largava, por mares desconhecidos, atrás do Velo de Ouro ideal, cuja história encantadora o arrebatava à terras longínquas com toda uma plêiade de heróis. Levava no espírito a certeza da vitória e contava volver em breve a Iolkos, senhor do mundo e do Velocino Mágico. Antegozava já as delícias do futuro triunfo, porque a falange que o seguia era invencível e nem os Fados poderiam esmagá-la. Quem ousaria afrontar Héracles, Castor e Pólux, Nebô, Admeto, Alfeu, Telamon, Meleagro, Nestor, Ancor, Climenius, Melas, Acasto, Erginius, Zetes, Oiteu, Euritus, Laertes, Orfeu, Nauplius, Fabros, Peleu, Polifemo, Calais, Hilas, Teseu e poderosos guerreiros? E, mentalmente, via surgirem já a seus olhos, num prodigioso esplendor, as praias de ouro da Cólchida.

Anoitecia, quando a rutilosa galé velejante entrou serena no Egeu. Estavam à vista as Sporadas Setentrionais — Sciatos, Scopelos, Halonese, Eudêmia,...



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